Damasco – Rebeldes contrários ao regime de Bashar al-Assad oficializaram neste domingo (8) a deposição do presidente sírio, que governava o país há 24 anos. Segundo fontes citadas pela agência Reuters, Assad teria deixado Damasco em um avião, enquanto forças insurgentes avançavam rumo à capital. Dois altos oficiais do exército sírio confirmaram a informação, mas o paradeiro exato de Assad permanece desconhecido.
No sábado (7), a presidência síria negou que Assad tenha abandonado o país, declarando que ele “segue desempenhando seus deveres constitucionais”. Entretanto, rumores de que o ex-presidente teria viajado para a Rússia ganharam força, especialmente após dias sem aparições públicas.
Avanço Rebelde e Tomada de Cidades Estratégicas
Os insurgentes, liderados por Abu Mohamed al-Julani, chefe do grupo HTS (Hay’at Tahrir al-Sham), uma dissidência da Al Qaeda, tomaram importantes cidades do país durante a última semana. Entre as conquistas estão Aleppo, Hama e, mais recentemente, Homs, a terceira maior cidade da Síria.
Homs, capturada no início deste domingo, é considerada estratégica por sua localização, conectando o centro do país à capital, além de abrigar uma base naval russa. Relatos indicam que forças governamentais abandonaram a cidade após destruir documentos oficiais. Os rebeldes afirmam ainda ter libertado cerca de 3.500 prisioneiros da prisão central de Homs, embora o número não tenha sido verificado.
Em Damasco, os rebeldes começaram a entrar na capital neste domingo, encontrando pouca ou nenhuma resistência das forças governamentais. Relatos apontam que o exército sírio não mobilizou tropas para defender a cidade, acelerando o colapso do regime.
Tomada de Saydnaya e a Queda do Regime
Um dos momentos mais simbólicos da ofensiva foi a tomada da prisão militar de Saydnaya, ao norte de Damasco. Os insurgentes anunciaram a libertação de milhares de prisioneiros e, em comunicado, declararam que a ação marca “o fim da era de injustiça”.
Enquanto isso, moradores de Damasco relataram tiros e explosões, e imagens da CNN Internacional mostram cenas de caos no aeroporto da capital, com civis tentando fugir do país.
Ofensiva Relâmpago e Reações Internacionais
A ofensiva rebelde começou no dia 27 de novembro e rapidamente conquistou grandes cidades, inclusive bastiões leais ao regime. Até o momento, o governo russo, aliado de Assad, não se pronunciou sobre os avanços insurgentes.
A deposição de Assad representa um marco histórico em um país devastado por mais de uma década de guerra civil. Analistas temem que o vácuo de poder deixe a Síria ainda mais fragmentada, enquanto a comunidade internacional monitora os desdobramentos da crise.