A Polícia Civil de São Paulo identificou uma nova estratégia de lavagem de dinheiro utilizada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), que agora inclui mineradoras de bitcoin. Em operação realizada em julho no bairro do Tatuapé, autoridades descobriram que a facção adotou o uso de criptomoedas, além dos métodos tradicionais como compra de imóveis e utilização de postos de gasolina.
A investigação, conduzida pelo 10º Distrito Policial (Penha), centrou-se em endereços ligados a Anselmo Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, membro de alto escalão do PCC executado em dezembro de 2021. Cara Preta, que possuía um patrimônio estimado em R$ 200 milhões, era dono da mineradora de bitcoin Jacatorta, operante em uma área residencial.
Mineradora de bitcoin e vínculos com o PCC
Documentos apreendidos mostram que a mineradora Jacatorta, ligada ao PCC através de Cara Preta, apresentou redução nos custos operacionais após sua morte. Em agosto de 2021, os gastos com eletricidade chegaram a R$ 7 mil, mas zeraram em dezembro, mês da execução de Cara Preta, indicando possível interrupção nas operações de mineração.
Apesar dos altos custos de mineração de criptomoedas, essa atividade permite ao PCC movimentar grandes quantias de forma discreta. A fortuna de Cara Preta em criptomoedas pode ter sido um dos motivos por trás de seu assassinato.
Conflitos internos e assassinatos
De acordo com o Ministério Público, o empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach ordenou a execução de Cara Preta e de Antônio Corona Neto, conhecido como Sem Sangue, devido a desavenças financeiras. Gritzbach, que lavava dinheiro para Cara Preta usando bitcoins e investimentos imobiliários, teria ordenado o assassinato após Cara Preta exigir a devolução de quantias significativas.
Busca e apreensões em postos de gasolina e veículos de luxo
Na mesma operação, a polícia realizou busca e apreensão em um posto de gasolina no Tatuapé, suspeito de estar envolvido no esquema de lavagem de dinheiro. Durante a busca, foi encontrado um cofre, e documentos indicaram movimentações financeiras superiores aos valores declarados oficialmente. A operação também resultou na apreensão de sete veículos de luxo, incluindo um avaliado em mais de R$ 1 milhão, evidenciando o poder financeiro dos envolvidos e a complexidade do esquema de lavagem de dinheiro do PCC.