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A recente reviravolta no mercado global de carros elétricos tem causado uma intensa queda nos preços de revenda e um acúmulo de estoques nas lojas e fábricas. Em países como Estados Unidos e na Europa, o mercado está desacelerando, o que afeta diretamente outros países. No Brasil, por exemplo, as vendas de carros elétricos, embora aquecidas, não estão imunes à tendência global de desvalorização.
Um caso marcante é o do empresário paulista Maurício de Barros, que após rodar 54 mil km em dois anos e meio com um Peugeot e-208 elétrico, adquirido por R$ 249 mil, decidiu vendê-lo e se deparou com uma realidade dura. Sem sucesso nas plataformas de venda, ele acabou aceitando R$ 100 mil numa concessionária em quatro meses. “Foi uma paulada”, admite Barros.
Por Que os Carros Elétricos Estão Desvalorizando?
A principal causa da desvalorização dos carros elétricos usados está na rapidez da evolução tecnológica dos novos modelos. Tecnologias novas estão tornando os carros mais antigos obsoletos rapidamente. Além disso, a infraestrutura de recarga é ainda insuficiente em muitos lugares, e a guerra de preços intensificada pela entrada das marcas chinesas está obrigando as montadoras tradicionais a reduzirem seus preços.
Por exemplo, um Nissan Leaf Tekna 2023 zero tem preço sugerido de R$ 298,4 mil, mas pode ser encontrado com um desconto de 15%, chegando a R$ 252,1 mil. O mesmo modelo com 14 mil km rodados é vendido por R$ 196,1 mil, um deságio de 22%. Para trocas, o valor cai ainda mais.
Quais São As Alternativas Para Os Interessados?
Uma alternativa para quem deseja entrar no mercado de carros elétricos sem sofrer tanta desvalorização são os modelos híbridos. Eles têm comportamento de preços mais próximo aos carros a combustão. A maior plataforma de venda online de veículos do País, a Webmotors, aponta uma desvalorização média de 12% para os elétricos e de 6% para os híbridos em 2024.
Como As Locadoras de Veículos Estão Lidando Com Isso?
Nem mesmo as locadoras estão escapando da desvalorização. A Localiza, a maior empresa do setor, encerrou 2023 com 2,7 mil elétricos e híbridos em uma frota de 631 mil veículos. Muitos dos primeiros modelos comprados estão sendo revendidos com alta depreciação. Movida, outra gigante do setor, também teve que vender muitos de seus carros elétricos com preços bem abaixo da tabela Fipe.
Além disso, a Hertz, uma das maiores locadoras dos Estados Unidos, decidiu desistir da aquisição de 100 mil carros elétricos da Tesla, o que exemplifica ainda mais a complexidade do mercado de carros elétricos usados.
Qual o Futuro dos Carros Elétricos no Brasil?
A chegada de fabricantes chinesas como a BYD e a GWM está balançando o mercado com estratégias agressivas de preços e programas de recompra. Essas estratégias visam minimizar a desvalorização dos veículos, reconquistando a confiança dos consumidores e de empresas que se preocupam com o deságio.
Entretanto, autossuficiência em infraestrutura e melhorias nas baterias, aliadas a um amadurecimento do mercado, são essenciais para uma estabilização a longo prazo. A expectativa é que o mercado de carros elétricos continue em expansão, com previsões de atingir 150 mil unidades em 2024, uma alta significativa em relação aos anos anteriores.
Resumo das Principais Causas da Desvalorização
- Evolução rápida da tecnologia dos novos modelos.
- Infraestrutura de recarga ainda insuficiente.
- Guerra de preços iniciada por empresas chinesas.
Soluções Propostas Pelas Marcas
- Programas de recompra a valores próximos da tabela Fipe.
- Parcerias com locadoras e seguradoras para manutenção de valores de revenda.
- Garantia estendida para baterias.
Está Valendo a Pena Investir em Carros Elétricos Usados?
A tendência de desvalorização parece persistir, especialmente devido à velocidade das inovações tecnológicas. Porém, existem maneiras de mitigar esse impacto, como optar por híbridos ou aproveitar programas de recompra oferecidos pelas marcas. O mercado está em constante evolução, e consumidor bem informado pode ainda encontrar boas oportunidades.
Considerações Finais
Enquanto os preços de revenda e a desvalorização continuam sendo pontos críticos, as estratégias das montadoras e os avanços tecnológicos são promissores. A tendência é que, com mais infraestrutura e estabilização tecnológica, o mercado de carros elétricos ganhe mais solidez e confiabilidade no futuro.