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Brasil em Pauta

Hipocrisia: Unicef se ‘esquece’ de crianças sequestradas pelo Hamas

Outras estão na mesma situação, conforme afirma Michal Wertman, brasileira que mora em Ashkelon, sul de Israel, e conhece familiares de vítimas da ação. No início, boa parte delas foi dada como desaparecida. Depois, se constatou que foram levadas pelos terroristas.

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Entre os 240 reféns sequestrados pelo Hamas nos ataques terroristas de 7 de outubro, pelo menos 30 são crianças. Uma delas, de oito anos, perdeu os pais durante a matança e foi levada para a Faixa de Gaza.

Outras estão na mesma situação, conforme afirma Michal Wertman, brasileira que mora em Ashkelon, sul de Israel, e conhece familiares de vítimas da ação. No início, boa parte delas foi dada como desaparecida. Depois, se constatou que foram levadas pelos terroristas.

No portal do Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância (Unicef), no entanto, não há praticamente menção às crianças sequestradas em Israel.

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Tampouco a Organização das Nações Unidas (ONU) tem mostrado interesse, segundo a população israelense, em contabilizar o número de sequestrados, conforme ressaltou Michal.

“Aqui em Israel se cobra muito isso da ONU”, diz. “Por que a ONU não tem uma lista de quem são os sequestrados?”

Quem tem rastreado as informações são as Forças de Defesa de Israel (FDI), já que o Hamas não divulga.

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Procurada pela reportagem, a Unicef não deu retorno até o momento. A Oeste tentou contato com a assessoria do atual representante da Unicef no Brasil, o mauritânio Youssouf Abdel-Jelil, e no escritório em São Paulo.

No site da entidade, todas as notícias a respeito da guerra na Faixa de Gaza só mencionam uma legítima preocupação com as crianças palestinas, que também estão sofrendo. Entretanto, há meninos e meninas de Israel que estão desamparadas nas mãos dos terroristas e ninguém sabe em que situação estão.

“Só penso em como estão as crianças que foram levadas”, diz Michal. “Uma menina daqui da região, com oito anos, foi levada depois de os terroristas matarem o pai e a mãe dela. Agora ela está lá, sem o pai e a mãe, naquele buraco, sozinha. Quem está se preocupando com ela, além de Israel?”

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A Unicef se define como uma instituição que dedica total atenção aos direitos humanos direcionados às crianças.

“A Unicef trabalha em mais de 190 países e territórios para salvar vidas de crianças, para defender os seus direitos e para ajudá-las a realizar o seu potencial, desde a primeira infância até à adolescência”, informa a instituição em seu site. “E nunca desistimos.”

Questões políticas e religiosas

Para o professor Gerson Damiani, diretor de Operações do Global Institute For Peace (GLIP), da Universidade de São Paulo (USP), a ONU tem mostrado dificuldades em lidar com os vários interesses de seus países-membros.

“Minha sensação é de que ali está se tratando de um tema delicado que envolve religiões”, diz o professor. “O apoio a Israel dentro das Nações Unidas não é unânime, apesar dos Estados Unidos serem um grande apoiador e a Europa também ter laços estreitos.”

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Damiani considera que há uma diversidade de países, entre os quais Estados islâmicos, da região do Golfo, como Irã, Líbano, os próprios palestinos, Egito, Jordânia entre muitos outros, que são vizinhos que nunca apoiam Israel.

“Então a ONU, de uma forma geral, é um pouco cautelosa em fazer isso, mesmo no Conselho de Segurança não há um consenso, porque certamente essa questão aí está contando com a oposição dos russos a Israel, mesmo velada. Os chineses não sabemos de que lado estão”, prossegue.

Damiani acresenta, ainda, que o pouco interesse, demonstrado pela ONU, nos sequestrados de Israel, incluindo o “esquecimento” da Unicef, deve ter relação com esses conflitos de interesses entre os membros da entidade. Que, segundo ele, não é algo inédito.

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“O Conselho de Segurança, já há algum tempo, não só nesse como em outros temas, não é uníssono, a ONU é muito cautelosa no que tange a agressões a civis, então por isso acredito que haja essa falta de manifestação.”

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