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Crise fiscal e alta do dólar: especialista aponta falhas na gestão econômica brasileira

o problema se agravou ao longo de 2024 e culminou em um “certo pânico” nas últimas semanas, refletindo a ausência de medidas eficazes para conter o crescimento do endividamento público

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O Brasil enfrenta um cenário de instabilidade econômica, marcado pela desvalorização acelerada do real frente ao dólar e uma crescente desconfiança em relação às políticas fiscais do governo. Segundo o professor de economia Daniel Sousa, o problema se agravou ao longo de 2024 e culminou em um “certo pânico” nas últimas semanas, refletindo a ausência de medidas eficazes para conter o crescimento do endividamento público.

No início do ano, o dólar estava cotado abaixo de cinco reais, mas foi subindo gradativamente devido a fatores como o aumento de despesas obrigatórias — especialmente Previdência, BPC e emendas parlamentares —, que pressionaram o recém-implementado arcabouço fiscal. Embora a política monetária brasileira seja relativamente estável, com reservas internacionais robustas e um Banco Central independente, a fragilidade fiscal foi apontada como o principal fator de risco.

Pacote fiscal decepcionante

O tão aguardado pacote fiscal anunciado pelo governo decepcionou o mercado. Em vez de cortes substanciais nas despesas, a proposta sugeriu apenas uma redução no ritmo de crescimento dos gastos, o que gerou uma “inflexão nas expectativas”, segundo Sousa. Para ele, a falta de medidas contundentes sinalizou que o governo não está genuinamente comprometido em enfrentar o problema fiscal.

Essa percepção foi reforçada pela recente entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao programa Fantástico. Na ocasião, Lula afirmou que o Brasil não enfrenta problemas fiscais e atribuiu as dificuldades econômicas exclusivamente à taxa de juros elevada, um posicionamento que, de acordo com Sousa, contradiz dados concretos sobre as contas públicas.

Impacto nas expectativas e fuga de capitais

A postura do governo e a troca iminente na presidência do Banco Central intensificaram as incertezas. Investidores questionam se o novo presidente da instituição manterá a autonomia necessária ou seguirá diretrizes alinhadas ao discurso presidencial. A declaração de Lula, somada à ausência de ações concretas, levou a uma fuga de capitais, com muitos investidores se protegendo ao comprar dólares e transferir recursos para fora do país.

Risco de um “cenário Turquia”

Daniel Sousa alerta para o risco de o Brasil seguir um caminho semelhante ao enfrentado pela Turquia em anos recentes, com descontrole fiscal, aumento da dívida pública e pressão inflacionária. “Chega um momento em que o governo não consegue mais financiar seu déficit de maneira eficiente, avançando para a emissão de moeda, o que alimenta ainda mais a inflação”, explicou o professor.

O mercado já reagiu negativamente, com juros futuros ultrapassando os 15% e uma escalada do dólar, que o Banco Central tem tentado conter por meio da venda de reservas internacionais. No entanto, Sousa destaca que tais medidas podem não ser suficientes para frear a desvalorização da moeda brasileira, já que o temor de uma crise mais grave continua a crescer.

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Sem sinais claros de comprometimento do governo em ajustar as contas públicas, o Brasil caminha para um cenário de incertezas, onde a estabilização econômica dependerá de decisões políticas difíceis e estruturantes, que até agora parecem ser adiadas para um futuro incerto.

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