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Lobista investigado por suposta venda de decisões no STJ; valores ultrapassariam milhões

Na ocasião, ele afirmou que o cliente estava “feliz” com a decisão, que beneficiou a J&F em uma disputa com a MCL Participações pela Eldorado Celulose, envolvendo a tentativa de anular aquisições que reduziram a participação acionária do grupo

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O lobista Andreson de Oliveira Gonçalves está sob investigação por supostamente vender decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ), cobrando quantias milionárias para influenciar resultados. Segundo informações do portal UOL, conversas interceptadas sugerem que Gonçalves teria recebido R$ 19 milhões em um processo sob relatoria da ministra Nancy Andrighi, em abril de 2020. Na ocasião, ele afirmou que o cliente estava “feliz” com a decisão, que beneficiou a J&F em uma disputa com a MCL Participações pela Eldorado Celulose, envolvendo a tentativa de anular aquisições que reduziram a participação acionária do grupo.

Possível envolvimento de ministros do STJ

A ministra Nancy Andrighi atendeu ao pedido da J&F, determinando a transferência da ação para São Paulo, conforme previsto no contrato de acionistas. A J&F, em nota, informou que a decisão foi unânime na Segunda Seção do STJ e negou ter autorizado terceiros a representá-la.

Outra conversa interceptada revela que Gonçalves teria cobrado R$ 3 milhões por uma decisão da ministra Isabel Gallotti favorável a um produtor rural em processo de recuperação judicial. A Polícia Federal investiga agora o possível envolvimento de funcionários de cinco ministros do STJ: Og Fernandes, Nancy Andrighi, Isabel Gallotti, Paulo Moura Ribeiro e Antônio Carlos Ferreira. Gonçalves é suspeito de utilizar sua empresa, Florais Transportes, para mediar os pagamentos.

Mensagens revelam esquema de corrupção

Essas mensagens vieram de um segundo chip do advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro de 2023, e foram encaminhadas à Polícia Federal. O material contém minutas de decisões judiciais e referências a ministros do STJ, sugerindo um esquema de corrupção mais amplo. Inicialmente, o inquérito focava em assessores e tramitava em primeira instância, mas foi transferido para o Supremo Tribunal Federal (STF) após o Coaf identificar transações suspeitas envolvendo uma autoridade com foro privilegiado. O relator do caso é o ministro Cristiano Zanin, que enviou o material ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, para análise e definição dos próximos passos.

Defesas e declarações

A ministra Nancy Andrighi reafirmou que sua decisão no caso da J&F seguiu o contrato entre acionistas e declarou perplexidade com as acusações, colocando seu gabinete à disposição das autoridades para colaborar com a investigação. A defesa de Andreson e Mirian Ribeiro Gonçalves afirmou que não teve acesso ao conteúdo das mensagens e questionou o uso do celular de Zampieri para investigações além do homicídio.

O STJ e a Polícia Federal continuam as investigações e, caso a corrupção seja confirmada, prometem penalizar os envolvidos.

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