O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, emitiu um alerta preocupante sobre o futuro da agência: a instituição pode enfrentar um colapso operacional em 2025 devido à grave insuficiência de servidores. Em entrevista ao jornal O Globo, Barra Torres destacou que o problema já havia sido comunicado ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes mesmo de sua posse, em janeiro de 2023.
“Tem que ter gente para trabalhar. A FDA, nos Estados Unidos, tem 18 mil servidores para 315 milhões de habitantes. A Anvisa não precisa ter 18 mil, mas 1.400 não dá”, afirmou o diretor.
Barra Torres criticou tanto a gestão do governo anterior, que classificou como “negacionista”, quanto a atual, que, segundo ele, não tem dado atenção suficiente à agência. Ele destacou que, enquanto 120 vagas foram autorizadas para a Anvisa em dois anos, apenas 50 foram efetivamente concedidas pelo governo Lula. “O colapso vai ocorrer. Quando? Ano que vem, possivelmente”, alertou.
Desde o início da gestão atual, Barra Torres relatou ter enviado 27 ofícios ao Palácio do Planalto, além de realizar reuniões e conversas para tentar solucionar o problema. Ele ressaltou que a questão foi apresentada durante o gabinete de transição em 2022. “Então, não há mais nada que a agência possa fazer”, lamentou.
Anvisa: papel vital na economia brasileira
A Anvisa regula setores que, segundo estudo de uma década atrás, representavam 22,8% do PIB brasileiro. Hoje, esse número pode estar próximo de 30%, conforme estimativa de Barra Torres. Apesar dessa relevância, a agência opera com um quadro insuficiente para atender à demanda crescente.
A falta de pessoal tem causado atrasos críticos, impactando a economia e a saúde pública. “Uma associação contratou uma empresa que mensurou haver US$ 17 bilhões referentes a medicamentos esperando para serem analisados na fila”, revelou Barra Torres.
O diretor alertou que essa situação pode resultar em filas acumuladas e atrasos na liberação de produtos essenciais, agravando os problemas para o setor regulado e o público em geral.
Com a proximidade de um possível colapso, o futuro da Anvisa depende de ações rápidas para reverter o quadro de escassez de recursos humanos, crucial para garantir a saúde e a economia do país.