A {sigla} ESG (Environmental, Social and Governance) talvez tenha se tornado a abreviatura mais popular do vocabulário corporativo nos últimos anos. No meu vocabulário, é provável que ela esteja detrás somente, é simples, do M&A (Mergers and Acquisitions) — mas aparecendo cada vez mais juntas.
No último mês, estive frente a frente com investidores globais na 7ª edição do Corporate Venture in Brasil, o maior evento de Corporate Venture Capital da América Latina. Posso proferir que a cada dez conversas com gestores de fundos, em oito apareciam a tese de “clean energy”, “cleantech” ou “greentech”.
E não à toa. Os reflexos da crise climática estão cá. No Brasil, sentimos na pele os picos de calor extremo ao final do inverno deste ano. Julho de 2023 ficou marcado por ser o mês mais quente já registrado na Terra.
Muito além de vincular o ar condicionado na temperatura mínima nos escritórios — para consolação de uns e resfriado de outros —, o papel assumido pelas empresas e pelo mercado financeiro tem ganhado mais destaque e relevância nos negócios. Se hoje o mundo investe US$ 1,7 trilhões em vontade limpa, vamos precisar escalar esse Valor para US$ 4,5 trilhões até 2030 para atingir os objetivos estipulados pelas nações no Negócio de Paris, conforme gráfico inferior.
No quesito vontade limpa, o Brasil ainda é bastante diverso. Conta com vontade hidrelétrica, solar e eólica muito posicionadas na matriz energética. A {sigla} ESG, no entanto, também inclui entrada a serviços básicos, uma vez que saúde, instrução e inclusão no mercado de trabalho.
Na instrução, a última novidade que labareda atenção vem do relatório de 2022 da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que coloca o Brasil no 2º lugar do ranking da geração “nem-nem”. Segundo o estudo Education at a Glance, que envolve 37 países, 36% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos não trabalham nem estudam.
O que é um problema vira uma oportunidade para startups uma vez que a Next Coders. Com o patrocínio de grandes corporações e governos, a edtech treina grupos de jovens para aprender programação do zero e ingressar no mercado de trabalho de TI em seguida somente quatro meses de aulas integrais. A plataforma gera ressarcimento social e atende uma demanda de tecnologia da 4ª revolução industrial.
Muitos desses movimentos que vemos hoje de companhias implantando políticas ESG são novidades que não eram comuns na última dez. E é simples que não demoraria para que essas tendências fossem diretamente discutidas durante as teses de investimentos e negociações de M&A.
Recentemente, tive um bate-papo com Camilo Ramos e Arthur Hadler, sócios da espaço de Private Equity da Kinea, gestora de investimentos com mais de R$ 100 bilhões de ativos sob gestão. Os sócios me contaram uma vez que o fundo, que investe de forma minoritária com cheques próximos de R$ 300 milhões, foca seus esforços. A principal tese do fundo passa por investir em oportunidades com basta potencial de impacto, com fundadores excepcionais e onde a Kinea possa gerar Valor no processo para que a companhia possa buscar voos maiores — uma vez que um IPO.
E cá vai um “spoiler alert” desse incidente intrigante com a Kinea no programa “M&A Deal Mode [ON], a hora do M&A”, que vai ao ar nas próximas semanas nos canais da BM&C News no YouTube e na TV a cabo. A tese que integra impacto resultou em casos de investimentos recentes em diferentes setores. AGV (logística em saúde), Cobasi (mercado pet), Verzani & Sandrini (serviços, facilities) e CCG (saúde) são alguns exemplos explorados no incidente.
No M&A, as companhias estão sendo mais rigorosas antes de assinar acordos. Os processos de due diligence já eram uma lanço de auditoria profunda antes do fechamento. Agora, a integração de métricas ESG ao processo estão deixando essa tempo ainda mais minuciosa e importante para o sucesso do deal. Uma frente novidade para atuação de consultorias!
O novo perfil de analistas
Para seguir as empresas e o público que quer investir com propósito, a novidade certificação em ESG Investing do CFA Institute vem para atender a demanda de um mercado em rápida evolução e desenvolver investidores de sucesso no cenário ESG.
Durante as 100h (6 meses) de estudos recomendadas, os alunos vão aprender sobre:
- Fatores, impactos e abordagens de aspectos ESG;
- Estudo, integração e valuation ESG;
- Gestão de portfólio ESG.
Com o conhecimento adquirido, investidores poderão alinhar aportes financeiros com valores éticos e sustentáveis, contribuindo para o financiamento de companhias ligadas a causas socioambientais. O investimento para obter o certificado é de US$ 795, e a aprovação vem em seguida uma prova de 100 questões de múltipla escolha.
Da minha secção, tenho olhado de perto e com bastante atenção a esses movimentos do mercado. Estou convicto de que podemos, sem deixar de lado a sustentabilidade financeira, fazer secção da construção de um mundo melhor e de um porvir mais equilibrado para o planeta.
*Pilar escrita por Alexandre Cracovsky, CFA, tem anos de experiência em M&A. É Vice-presidente na ADVISIA Investimentos, onde assessora empresas em transações tanto no sell-side quanto no buy-side. Atuou na espaço de M&A e Post Merge Integration de um grande conglomerado pátrio. Formação em Engenharia Social, CFA® Charterholder, PhD Candidate em Governo de Empresas na FGV-EAESP e Professor na Link School of Business.
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