Na última semana, o público brasiliano se acostumou a ver o rosto de Hasan Rabee na GloboNews, na CNN e nas redes sociais. Ele é o antissemita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu de braços abertos na noite de 13 de novembro, na Base Aérea de Brasília.
Palestino de 30 anos, Rabee tentou a sorte no Brasil. Em 2014, fugiu da Tira de Gaza e veio para São Paulo, onde conheceu a mulher, Dayana Abosalem. No país, o par teve duas filhas. Desde portanto, informações dão conta de que ele trabalha no ramo do negócio, precisamente numa loja de acessórios de aparelhos celulares na região da Rua 25 de Março, no núcleo da capital paulista.
Os anos fora do Oriente Médio e o dia a dia no cotidiano paulistano não fizeram Rabee se olvidar de Gaza. Em 7 de outubro, quando o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas teve início, ele e a família estavam no enclave palestino. A partir do ataque que já resultou na morte de 1,5 milénio civis israelenses, eles ficaram “presos” por 35 dias. A liberdade só veio no último dia 12, quando cruzaram a Passagem de Rafah e, assim, passaram para o lado egípcio da fronteira — onde autoridades brasileiras estavam a postos.
A guerra também não fez com que Rabee se esquecesse do lado oculto impregnado em Gaza graças ao grupo terrorista que controla a extensão desde 2007. O palestino naturalizado brasiliano acumula histórico de disseminação de mensagens antissemitas e propagação de ódio a Israel. Isso mesmo diante do indumento de a guerra atual só ter tido início depois que extremistas invadiram o território israelense com o propósito de estuprar, sequestrar e matar civis — o que incluiu três brasileiros e 40 bebês decapitados.
Apesar de o atual conflito ter sido provocado por terroristas, Rabee demonstra nas redes sociais uma face dissemelhante daquela que surgia porquê um singelo varão que, no desespero, gravava selfies a partir de seu próprio celular para, no término das contas, servir porquê correspondente informal para segmento da prensa brasileira. No envolvente on-line, ele já publicou mensagens acusando Israel de promover “massacres diários”, além de compartilhar um vídeo em que um religioso afirma que o país judaico é um “Estado malfeitor”.
Tudo isso ganhou espaço desde o início da guerra, que — reforça-se — só teve início em decorrência do ataque protagonizado pelo Hamas. Sobre o grupo terrorista, no entanto, não há registro de críticas por segmento de Rabee. De um mês para cá, o que tem vez no Instagram dele é uma série de mensagens com acusações e ofensas contra Israel.
Histórico de ofensas a Israel
Se durante a guerra deflagrada pelo Hamas, o palestino-brasileiro já acumula séries de acusações contra Israel, a situação não era dissemelhante antes do fatídico 7 de outubro. Era pior, aliás. Em outubro de 2015, quando já morava no Brasil, Rabee postou em seu perfil no Instagram uma foto em que comparava o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ao nazista Adolf Hitler. Querela que não se confirma diante da veras dos fatos, uma vez que o nazismo foi responsável pelo Imolação, período em que o genocídio de 6 milhões de judeus foi consumado.

Em outra postagem, de novembro de 2015, Rabee compartilha uma charge que apresenta Israel porquê vilão da história. Na arte, consta a mensagem de que os israelenses seriam responsáveis, entre outras atrocidades, por roubar e ocupar as terras que deveriam pertencer aos palestinos. Outra certeza que não se mantém de pé diante da veras. Finalmente, o Estado de Israel foi formalmente fundado por judeus, em maio de 1948, meses depois de as Nações Unidas aprovarem a solução sobre a partilha da Palestina, que visava a geração de dois países independentes. Os árabes, mas, não aprovaram a solução.
Adoptado pela esquerda e por segmento da mídia, Rabee tentou se colocar no papel de vítima ao ter mensagens anti-Israel resgatadas por internautas e autoridades. Em entrevista à TV Bandeirantes, afirmou já ter recebido mais de 200 ameaças desde que retornou ao Brasil. Situação que o fez colocar em pé de paridade eventuais mensagens de ódio nas redes sociais e um conflito armado, que conta com mais de 200 civis mantidos até hoje porquê reféns pelo Hamas. “Saímos de uma guerra para outra.”
Comunidade judaica vê indícios de violação
Mesmo com Rabee afirmando, agora, ser um protector da tranquilidade e passando de verdugo a vítima de ataques virtuais, segmento da comunidade judaica não tem dúvidas: as mensagens divulgadas por ele são antissemitas. Ex-primeiro-vice-presidente e atual assessor da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Daniel Leon Bialski assustou-se ao se deparar com sete postagens (registros inferior) feitas pelo varão alçado à quesito de influenciador do dedo. Em contato com Oeste, ele vê indícios de práticas criminosas.







“Quaisquer dessas mensagens se enquadram na definição do que significa ser antissemita”, diz Bialski, ao fazer referência à Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA). Ele adianta: no que depender da Conib, Rabee terá, logo menos, de prestar esclarecimentos ao Poder Judiciário do país.
“A gente vai fazer um pedido de buraco de interrogatório”, afirma Bialski. “Seja por antissemitismo, apologia ao violação ou incitação ao violação”, prossegue. “Quando ele escreve que tem que explodir um ônibus, matar ou alguém e se vingar, está demonstrando, efetivamente, uma periculosidade.”
“Em Israel, ele já estaria recluso”
Tamara Segal, advogada
Técnico em Recta do dedo e ex-presidente da sinagoga de Ribeirão Preto (SP), a advogada brasileira Tamara Segal avalia a situação de uma forma um pouco dissemelhante. Para ela, as postagens de Rabee podem não ser classificadas porquê antissemitismo. O que não o isenta de arcar com eventuais responsabilidades no horizonte. Isso porque em uma das postagens, já excluída das redes sociais, ele registra torcer para que um ônibus com civis israelenses em Tel-Aviv fosse objectivo de atentado terrorista.
“Ainda que se sugira que o atentado seja praticado fora de terras brasileiras, ele faz simples movimento de incitação ao violação, ação punível de congraçamento com o cláusula 286 do Código Penal, porquê também adentra à Lei do Terrorismo (Lei 13.260/16)”, diz Tamara. “Há sérias questões relacionadas à segurança pátrio. Ele deve ser monitorado e, caso leste tipo de publicação volte a ocorrer, certamente pode ser retido e sentenciado. Em Israel, ele já estaria recluso.”
O jurisperito Gustavo Durlacher é outro judeu brasiliano a substanciar que, mesmo que não enquadradas porquê antissemitas, as postagens de Rabee podem ser categorizadas porquê mensagens de ódio. “Há que se estudar o quadro todo. As charges, as entrevistas recheadas de informações distorcidas e o excesso de grafismo podem vir a constituir um quadro de incitação ao ódio”, afirma ele, que é vice-presidente da Percentagem de Direitos Humanos da seccional de Jaguariúna (SP) da Ordem dos Advogados do Brasil. “Ele não traz teor digno de debate, somente situações extremas que, infelizmente, podem ocorrer em qualquer guerra.”
Faltou abraçar os resgatado de Israel

Além de repudiar o texto das mensagens de Rabee, Durlacher critica a postura do presidente Lula. O jurisperito lembra que resgatou-se 1,4 milénio brasileiros e familiares de Israel desde o início da guerra. Nenhum deles ganhou amplexo do presidente da República no momento de desembarque no Brasil. Um pouco dissemelhante em relação ao grupo que estava na Tira de Gaza. O petista abraçou e discursou ao lado de Rabbe, com recta a púlpito improvisado montado na Base Aérea de Brasília. Transformou-se a ação de repatriação em ato político — e com acusações às ações israelenses.
“Salta aos olhos a disparidade de tratamento dada a esse repatriado em relação aos demais”, diz o jurisperito. “Mais de milénio brasileiros foram trazidos de Israel e nenhum deles mereceu tratamento peculiar por segmento do governo. Foram pessoas que deixaram para trás toda uma vida ou sonho de vida, amigos, trabalho, parentes e nenhuma delas foi merecedora do guarida presidencial.”
“Hasan Rabee ganhou um amplexo de Lula ao deixar a Tira de Gaza e desembarcar no Brasil. Amplexo que não foi oferecido pelo presidente em quem voltou de Israel”
De olho no Instagram de Rabbe, o jurisperito admite estranheza com a periodicidade das postagens. Conforme avisa, houve um hiato. De postagens ocasionais, com a última sendo em setembro de 2022, ele passou a denunciar quase diariamente o que labareda de “massacre” e “genocídio” por segmento de Israel — país que reagiu a um atentado terrorista. “Surgiu com uma força virulenta, passando a estrelar as redes que visam a demonização do Estado de Israel.”
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Os demais repatriados de Gaza

Rabee, a mulher e as duas filhas não foram os únicos que deixaram a Tira de Gaza e desembarcaram na Base Aérea de Brasília a bordo do avião solene da Presidência da República. Além dele, a ação de repatriação trouxe ao país outras 28 pessoas. Entre elas estão:
- Ahmad El Ajrami — palestino naturalizado brasiliano que morou em Cuiabá de 2012 a 2019, quando trabalhou porquê motorista de aplicativo;
- Noura Bader — palestina que morou em São Paulo, mas voltou para a Tira de Gaza no início deste ano.
- Monir Bader — palestino com passaporte brasiliano, marido de Noura;
- Bader Monir Bader — rebento mais velho de Noura e Monir;
- Rose Monir Bader — filha de Noura e Monir;
- Mohamed Monir Bader — rebento mais novo de Noura e Monir, único da família que nasceu no Brasil;
- Hadil Yusuf El Duwaik — palestina com nacionalidade brasileira, que morava em Gaza com a família;
- Mohammad Farahat — palestino, marido de Hadil;
- Fruto 1 do par Hadil e Mohammad (nome não divulgado);
- Fruto 2 do par Hadil e Mohammad (nome não divulgado);
- Fruto 3 do par Hadil e Mohammad (nome não divulgado);
- Fruto 4 do par Hadil e Mohammad (nome não divulgado);
- Shahed Al Banna — palestina de 18 anos que chegou a morar em São Paulo, mas voltou para Gaza em 2022;
- Shams Al Banna — mana de Shahed, tem 13 anos;
- Noura El Gamal — palestina que nunca morou no Brasil, mas era casada com um brasiliano, que morreu há quatro anos;
- Nabil El Gamal — rebento de Noura;
- Dana — filha de Noura; e
- Mahmoud Abuhaloub — palestino que morou no Rio Grande do Sul, onde deixou um rebento, mas vivia em Gaza desde 2020.