Muitas pessoas cortam carboidratos quando decidem emagrecer. Mas um estudo da Universidade de Harvard, dos Estados Unidos, mostra que não é necessário eliminar esses alimentos, e sim fazer um consumo adequado para controlar o peso.
Publicado na última sexta-feira, 27, no jornal científico The British Medical Journal, o longo estudo avaliou o peso dos participantes por um período de 24 a 28 anos. No total, mais de 136,4 mil pessoas participaram.
Liderados pelo pesquisador Yi Wan, os cientistas admitem que a questão do consumo de carboidratos é controversa em relação à perda de peso. “Investigamos a qualidade dos carboidratos usando o índice glicêmico dietético (resposta da glicemia a uma quantidade fixa de carboidratos)”, dizem. “E a carga glicêmica dietética (o produto aritmético do índice glicêmico e a quantidade de carboidratos).”
O consumo de carboidratos e o peso

A avaliação foi feita pelos cientistas a cada quatro anos. As descobertas do estudo sugerem que o aumento no índice glicêmico na dieta, com grandes quantidades de amido, açúcares adicionados, grãos refinados e vegetais ricos em amido, realmente está associado ao maior ganho de peso na meia-idade.
“Em contraste, um aumento na quantidade de fibras, grãos integrais, frutas e vegetais sem amido foi associado a um menor ganho de peso”, diz o estudo. “Estas descobertas apoiam a importância potencial da qualidade e fonte de carboidratos para o controle de peso a longo prazo.”
A substituição de grãos refinados, como a farinha branca, por cereais integrais, como aveia e quinoa, resultou em menor acúmulo de gordura. Trocar vegetais ricos em amido, como milho e batata, por vegetais sem amido, como folhas e couve-flor, também.
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Em quatro anos, o consumo de 100g diárias de carboidratos de vegetais sem amido foi associado a perda de 3 kg. O consumo de 10 g de fibras foi associado a perda de 0,8 kg. Já o consumo de 100g de açúcar adicionado foi associado ao ganho de 0,9 kg. Consumir 100g de amido foi associado ao ganho de 1,5 kg. E o consumo de 100g de carboidratos de vegetais ricos em amido foi associado ao ganho de 2,6 kg.
“Nossa hipótese é que as associações entre alterações na ingestão de carboidratos dependem da qualidade e da fonte”, dizem os pesquisadores. “E que as alterações de peso seriam mais fortes em pessoas com sobrepeso ou obesidade, um grupo predisposto ao ganho de peso no ambiente alimentar moderno.”