‘Crime organizado se infiltra na política’; Muito próximos do alto escalão

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O jornal O Estado de S. Paulo, em editorial publicado na edição desta quinta-feira, 16, alerta para “os esforços do transgressão organizado em se aproximar da política e interferir nela”. É uma referência à presença em reuniões no ministério comandado por Flávio Dino de Luciane Barbosa Farias, conhecida porquê “Senhora do Tráfico”, mulher de um dos líderes do Comando Vermelho.

Nesta semana, tornou-se público que Luciane participou de duas reuniões no Ministério da Justiça, em abril e maio, nas quais esteve com quatro assessores diretos de Dino. Uma vez que presidente de uma ONG que ajuda presos, ela queria melhorias no sistema penitenciário do Amazonas. 

A própria Luciane já foi condenada em segunda instância a 10 anos de prisão — e recorre em liberdade — por associação para o tráfico e outros crimes correlatos. A ONG dela é financiada pelo Comando Vermelho, segundo investigação da Polícia Social.

Mas isso não impediu Luciane de circunvalar tranquilamente por Brasília e de se encontrar com políticos para pedir ajuda para sua ONG. Uma de suas companhias na capital federalista é a ex-deputada estadual Janira Rocha (Psol-RJ) condenada em 2021 por “rachadinha” e que também teria relações com o Comando Vermelho.

“Tudo isso suscita peculiar preocupação”, afirma o Estadão. “À luz do dia, os criminosos estão agindo para se aproximar do poder estatal e, assim, interferirem em políticas públicas.”

Caso ‘Senhora do Tráfico’ contém risco real às instituições, diz Estadão 

Dino Comando Vermelho Tráfico
Luciane Barbosa Farias, a ‘Senhora do Tráfico’ | Foto: Reprodução/ Instagram

Para o jornal, a situação revela “um patamar inédito de risco para a população e as instituições”, mormente aquelas que têm o responsabilidade de combater o transgressão organizado, porquê o Ministério da Justiça. 

“Não é mais unicamente o duelo de o poder público combater a criminalidade, com cada um — Estado e bandido — atuando a partir de seus respectivos papéis. Está em curso uma tentativa de inversão de funções. Os grupos criminosos querem participar de reuniões no Ministério da Justiça. Eles querem minar e subverter as próprias instituições que têm o responsabilidade de enfrentá-los”, afirma o jornal. 

Embora a relação entre política e transgressão não seja novidade, o editorial destaca que “o que assusta no fenômeno atual são os novos patamares de ousadia das facções criminosas e de tolerância das autoridades”. “Está ficando cada vez mais difícil enobrecer quem está do lado da lei e da população e quem é bandido.”

O Estadão conclui que o problema “é muito mais sério do que eventual conivência de alguns integrantes do governo Lula com organizações criminosas”, situação grave e que demanda investigação. “As instituições republicanas estão sob ataque do poder do transgressão. As facções criminosas utilizam-se enganosamente dos caminhos democráticos de representação e de participação popular para impor suas pretensões”, afirma o editorial. Por isso, “não cabe tolerância com tamanha e descarada quebreira à silêncio e à cidadania”.

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